quinta-feira, 3 de junho de 2010

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tocando em frente

Ando devagar porque já tive pressa
Levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs,
O sabor das massas e das maçãs,
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir,
É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada eu sou
Estrada eu vou
Todo mundo ama um dia.
Todo mundo chora
Um dia a gente chega e no outro vai embora
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
De ser feliz

Almir Sater e Renato Teixeira

TOCANDO EM FRENTE

Epílogo Poético

Tocando em Frente
Tocando em frente, pois este é o destino;
Voltar é que não dá mais!
Mas é sempre possível dar à vida e a história outro fim,
amarrado com nova luta, novas motivações, mais carregadas de sentido.
Está certo “que ando devagar, porque já tive pressa”.
Se acumulei fracassos e frustrações e certo também que vivi
instantes carregados de emoção, de amizade e bem-querer.
Tem razão sorrir como criança porque vale o presente.
No que passou “chorei demais” agora levo
“este sorriso mais feliz quem sabe” porque gratuito.
Não espero resultados, apenas que seja pleno e apenas enquanto dure.
Acrescentei manhas e ritos no meu cotidiano, às vezes ridículos,
às vezes poéticos como “conhecer as manhãs,
o sabor das massas e das maçãs”.
Tão simples e tão óbvio...
Contudo é disto que é feita a vida.
“É preciso amor para poder pulsar” como
“é preciso a chuva para poder florir”
mas para que serve florir?!
Aprendi que as melhores coisas da vida são aquelas que
não servem para nada, as coisas inúteis.
As coisas são usadas, enquanto prestam...
Depois são jogadas fora como inúteis.
A vida acontece independente de nossos planejamentos
de nossas programações.
Vivemos mais que nunca a “era das incertezas”,
por isto basta esta atentos e desacreditar um pouco da razão,
das certezas da ciência.
“penso que cumprir a vida seja simplesmente
compreender a marcha e ir tocando em frente”.
Melhor se este caminhar for junto com os outros,
de mãos dadas; porque assim somos mais fortes e quem sabe mais felizes.
Tocando os dias pela longa estrada, “estrada eu sou, na estrada eu vou.”
Todo mundo chora... um dia a gente chega.
No outro dia vai embora.
Cada um de nós, compõem a sua história,
nunca com total autonomia.
Há uma cumplicidade múltipla com o universo dos homens,
da multidão com quem, consciente ou inconsciente, caminhamos.
Não dá para esquecer contudo, que cada um carrega em si
o dom de ser capaz
e talvez viver a aventura humana de ser feliz.

Para onde vou!?

Para onde vou? Para onde vou?!
Não sei – o que sei é que eu não vou por aí.
Onde o mundo da mesmice me empurra.
-
"Mas um bicho conhece a sua floresta;
e mesmo que se perca - perder-se também é um caminho."
Clarice Lispector